Buenas, mis amigos! Sem mais delongas, vamos ao meu livro
favorito: Tia Julia e o Escrivinhador (La tía Julia y el escribidor). Eu
lamento muito ter começado tarde a entrar na Literatura Latina e Ibérica, já
que o autor tem dupla cidadania (peruana e espanhola). E lamento mais ainda por
ter começado pela cereja do bolo. Muitos podem falar que desprezo os autores
nacionais ou de língua portuguesa, mas não é nada disso.
Eu li e reli este livro, e o impacto foi o mesmo: pqp, como é possível! Me extasiei neste best seller, que não é considerada a obra prima de Jorge Mario Pedro Vargas Llosa, ou Varguitas, como se autobiografa o autor neste romance. Tive a sorte e o privilégio de conhecer esta edição em uma coleção de livros ibero-americanos, lançada em 2012 pelo jornal Folha de S. Paulo.

Título: Tia Júlia e o Escrevinhador (Vol. 03)
Coleção: Folha Literatura Ibero-Americana
Autor: Mario Vargas Llosa
Tradução: José Rubens Siqueira
Ano: 2012 / Edição: 1ª
ISBN: 978-85-7949-049-1
Editora: Folha de S.Paulo
Acabamento: Brochura
Número de Páginas: 400
Formato: 210mm x 145mm
Idioma: Português
A história é mais ou menos assim: O cenário é a moralista Lima, no Peru, dos anos 1950. O escritor narra, mesclando humor e romance, a história do jovem Varguitas: um garotão que trabalha numa rádio local e anseia se tornar escritor. Com os ímpetos da juventude, ele começa a namorar a própria tia, que tem quase o dobro da sua idade. Não é uma tia de sangue, ou de primeiro grau como queiram, mas é tipo uma cunhada da tia, o que dá no mesmo, ainda mais nos anos 50: uma paixão secreta e escandalosa!
Por si só, esta história já rende muito pano pra manga, mas não é só isso; Corre em paralelo a esse romance proibido, contos românticos escritos por Pedro Camacho, como capítulos de novela. E é aí que rola a síntese desta obra artística: as histórias são sequências paralelas de capítulos alternados e intercalados no decorrer do livro; Mas, voltemos ao novelista:
O lendário Pedro Camacho trata-se de um escritor boliviano de radionovelas. Importado de sua terra natal para substituir as radionovelas cubanas, que eram custosas à uma das principais radio da capital peruana. Lá, Varguitas trabalhava como produtor dos boletins de notícias. As epopeias de Camacho, logo se tornam populares e transformam-no na sensação de todo país, como o principal novelista, parando o país ao pé do rádio com suas histórias.
Os contos escritos por Pedro Camacho são tão espetaculares, que o livro já começa com um deles. É uma espécie de "último capítulo de novela das 8 da Globo, onde não se revela o final", o que além de prender o leitor, nos deixa sempre com um gosto de quero mais.
Pedro Camacho é o arquétipo que o Vargas Llosa criou para personificar o escritor ideal. Ele vive para escrever: durante todo o tempo em que está acordado, está escrevendo, criando, bolando histórias. Embora, em termos de produtividade, seja esse o ideal do escritor — principalmente do aspirante a escritor Varguitas, que tem em Camacho um ídolo — a história mostra que a realidade é bem mais amarga, que é maquiada pela magia do rádio. Nanico, feio, antipático, excêntrico, antissocial e preconceituoso, Camacho tem uma existência melancólica: vive precariamente, para e pelo trabalho. E esse excesso o leva a confundir os personagens de suas novelas, tornando os contos cada vez mais misturados, como naquelas brincadeiras de criança de misturar os contos de fadas e coisas assim.
A história de Julia também é muitíssimo interessante, ainda mais por se saber que é autobiográfico. É relativamente perto, em suas proporções, para uma novela Pedro Camacho. Nele, o autor aproveita a oportunidade para discutir problemas familiares e do seu cotidiano, a burguesia Limenha dos anos 1950, e seus costumes. Outros personagens ímpares dão forma a gloriosa história. A ironia, a graça e prosa graciosa nos leva através da história com facilidade, embora seja um livro longo, que em pouquíssimas partes esboce ser repetitivo.
Para mim, este exemplar do movimento literário Boom Latino-americano revela a essência da literatura: contar uma história interessante com graça e ritmo. A Edição que possuo é muito bem-acabada e muito bem traduzida. Digo por ter lido este em português e em espanhol. A arte da capa é muito bem-feita e condizente com atmosfera nostálgica da obra.
Sobre o agora nobre escritor Marquês Vargas Llosa, toda a minha reverência. Não foi à toa que se tornou um Nobel! É um senhor-escritor. Domina e sintetiza, de forma única, vários estilos literários em uma narrativa hibrida. O que foi criado neste livro foi algo inédito pra mim como leitor. É aquilo que realmente fica na vanguarda da literatura universal.
Sobre o cidadão Jorge Mario Pedro Vargas Llosa, apesar de toda a controvérsia em sua pátria mãe (causada por sua veia política), minha nova reverência: somente um gênio lúcido de 80 anos se digna referências à um de seus mestres. Em recente entrevista ao jornal El Pais, ele citou: "Uma das tantas coisas que eu devo a Flaubert (Gustave Flaubert - Mestre francês do Realismo Literário), é esse fato de ele ter demonstrado que, se você não tem um talento natural, se você não nasceu gênio, você pode, mesmo assim, chegar a ser um bom escritor, à custa de perseverança, obstinação e esforço. Em suma, a vida e a obra de Llosa é uma lição absolutamente fundamental para mim.
Onde comprar:
http://livraria.folha.com.br/livros/romance/tia-julia-escrevinhador-vol-03-mario-vargas-llosa-1177953.html
Excelente página. Parabéns
ResponderExcluirExcelente página. Parabéns
ResponderExcluir