sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Críticas e Resenhas #010 - O Consolador, por Chico Xavier e Emmanuel


Para muitos, o ano de 2016 já é considerado com um dos piores anos da história. E muitos ainda dizem que a sociedade brasileira vive um atribulado momento de perdas e de encolhimento moral. Mas o que nós não esperávamos era que o quadro se agravasse e chegasse ao ponto que chegou.

A palavra 'crise' vem sendo, por diversas vezes, entoada ao longo dos dias de 2016. O que fica latente, para a população em geral, que as bases de nossa nação e de nosso povo carece de legitimidade e ainda necessitam urgentemente de uma readequação às novas realidades que emergem.



Irremediável? - Charge sobre a atual situação do país.
David Parkins/The Economist

Para muitos que se refugiam nas portas da , há uma clara trajetória de busca incessante de redefinição do indivíduo à luz de Deus, culminando em expiação de penas e redenção. Na crença da salvação, ao mesmo tempo, que se busca a paz de ordem psicológica e filosófica, se criam muros de intolerância e empobrecimento intelectual dos indivíduos.

Esse processo se transforma numa espécie de paradigma da vida terrena, especialmente para cristãos. E vigora, durante séculos, como um dos processos misterioso da fé: uma eterna luta entre o bem e o mal.


A tentação de Cristo na montanha, de Duccio di Buoninsegna
Frick Collection/New York

Diante de tantos fatos lamentáveis que marcaram o ano de 2016, os preceitos de uma vida mais aprazível, mais ajustada ou até uma cidade divina tornam-se quase que anseios inalcançáveis para nós, mortais. Mas, será que esta possibilidade é tão distante de nós?

Os valorosos conceitos sintetizados por Santo Agostinho, neste momento, vêm de encontro com reflexões essenciais e primordiais para a nossa sociedade contemporânea, e especialmente, a do Brasil.

"O mestre indica o caminho, mas só o aluno constrói (ou não) a informação". 

Para Agostinho, é desse modo que se conquista a paz da alma, e esse é o objetivo final da educação e da vida.

ARTE - Filósofo, Bispo e Teólogo Cristão (354-430)
Reprodução/Pinterest

Mas há, realmente, alguma lógica em todo esse caminho de sofrimentos, provações, êxitos e fracassos em que cada um de nós temos de passar?

Desta forma, apresentando uma obra literária Espírita, vamos sugerir um momento de aprendizado, mas acima de tudo, uma leitura que possa mostrar, de forma simples, esclarecimentos acerca de assuntos que nos levam a compreender melhor a função da vida na Terra.


- Contextualizando:

Curiosamente, o que tem acontecido no mundo não é muito diferente da situação no Brasil. Tanto que a Igreja Católica viveu nesses dias, por iniciativa do Papa Francisco, o Ano Santo da Misericórdia, com o lema: "Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso".

Sim: apesar do paradoxo, 2016, para a Santa Sé, é o ano desse jubileu extraordinário. E Santo Agostinho, na obra "A Cidade de Deus", em meados do Século V, a sintetiza claramente nesta frase:

"A misericórdia é a compaixão que o nosso coração experimenta pela miséria alheia, que nos leva a socorrê-la, se o pudermos".

O pensamento político contido na doutrina de Santo Agostinho forja-se no encontro de duas tradições atemporais: a da cultura greco-romana (retendo as ideias de Platão expostas em "República" e "Leis") e a das Escrituras judaico-cristãs (da submissão humana a desígnios incompreensível, a emersão da noção de destino e da providência divina).

Neste prisma, Agostinho teoriza, assim, os planos de uma cidade ideal: a Cidade de Deus, que está em contrapartida com a da cidade terrestre (onde predomina a guerra, a injustiça, o egoísmo, etc). Para Agostinho, a verdadeira administração de uma cidade deve estar baseada na justiça, e esta por sua vez na caridade, ensinada por Cristo.


La Cité de Dieu (A Cidade de Deus).1400-1418: Pagãos e cristãos apontam para seus respectivos locais de culto.
Mestre Orosius/Museu de Arte da Filadélfia-US


Quanto ao Cristianismo, depois de Paulo de Tarso, Agostinho foi quem mais o influenciou. Sua importância foi dar corpo ao Cristianismo, universalizá-lo quanto possível, independentemente do Império Romano, que iniciava seu declínio no século V, invadido pelos bárbaros. Para dar corpo, era preciso unificá-lo já que na sua época existiam dezenas de ceitas cristãs, cada um das quais afirmando ser a mensagem autêntica do Cristo. Agostinho, a despeito de tantas teologias cristãs em litígio, rompeu o caminho rumo ao Cristo.

Mas a contribuição de Santo Agostinho para o pensamento cristão não se limita à Idade Média. E isto se mede não só pelo número de comunicações mediúnicas (compiladas por Allan Kardec) atribuídas ao Santo, constantes na Codificação Espírita e na Revista Espírita, mas principalmente pelo seu conteúdo e significado, que traduzem a superior sabedoria de um Ser verdadeiramente cristão.


ARTE - Trecho da Codificação.
Reprodução/Grupo Espírita Allan Kardec


- O Agostinismo e a sua Preocupação com a Alma


Com Moisés, os homens ganharam dos céus a 1ª Revelação da realidade espiritual da vida. Essa revelação, que foi reunida pelo povo hebreu na grande codificação do Velho Testamento da Bíblia, sobrepunha-se a todas as formas religiosas do tempo, e conduziu o povo hebraico à concepção de um Deus Único. Mas na própria Bíblia encontramos o anúncio da 2ª Revelação, do advento do Messias, que se cumpriu com a vida de Jesus, oferecendo ao mundo a mais elevada forma de religião possível até então.

E foi o próprio Messias quem anunciou, haja visto o "Evangelho de S. João" (Jo - 16:12, 13 e 14): a 3ª Revelação é destinada a restabelecer os seus ensinos, que seriam deturpados pelos homens, e a ampliação de acordo com as novas necessidades da evolução terrena.

Obviamente, seria um absurdo pretender fazer um paralelo entre o pensamento de um homem que, nascido no norte da África, em 354 d.C., isto é, em plena virada da Antiguidade para a Idade Média, e o pensamento deste mesmo espírito, que transmitiu comunicações na Europa, mais de um milênio depois de sua passagem.

Todavia, em 1863, em mensagem recebida em Paris, o espírito Erasto afirmou que Santo Agostinho seria um dos maiores divulgadores da Doutrina Espírita. Esta condição denota o seu entusiasmo e amor pelo Espiritismo. E quem foi Erasto? Como afirma a Codificação proposta por Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, no capítulo 5, seria discípulo de Paulo de Tarso.

No Novo Testamento da Bíblia Cristã, o apóstolo Paulo faz referência a Erasto na Segunda Epístola a Timóteo. Na Epístola aos Romanos, encontramos, nas saudações finais, o relato de que Erasto tinha um cargo público em Corinto, provavelmente tesoureiro. Em meados do Século XX, a arqueologia obteve indícios que confirmam tal posição.

Pedra de Erasto - que dizia: "Erasto, o comissário e administrador da cidade", foi encontrada nas ruinas da cidade de Corinto (Grécia) no ano de 1920.
Divulgação/dkiel.com


Várias mensagens atribuídas ao espírito Erasto, foram incluídas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, obra da Codificação de Allan Kardec, como o texto “A missão dos espíritas”. Erasto, em uma de suas comunicações ainda enfatiza que Santo Agostinho após de ter perdido a sua mãe, Santa Mônica, disse: “Eu estou persuadido de que minha mãe voltará a me visitar e me dar conselhos, revelando-me o que nos espera a vida futura”.

Como espírito desencarnado, Agostinho reiterou temas desenvolvidos cerca de 1500 anos antes. Um exemplo é da oração, onde recomenda na resposta de O Livro dos Espíritos para a questão nº 919, que a prece e o autoconhecimento se fizessem como ele mesmo fazia quando encarnado na Terra: ao fim de cada dia, onde repassava todos os seus atos, avaliando erros e acertos.


- Chico Xavier, Emmanuel e o Consolador



Cena do filme Chico Xavier. Encontro com Emmanuel "...à sombra de uma árvore, na beira de uma represa..."
Divulgação/Sony Pictures - 2010


"Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela [a fé] exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo”
.

Assim define o espírito Emmanuel, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier.

A Doutrina Espírita e os espíritos trabalhadores das diversas religiões espiritualistas sabem do momento grave e, há muitos anos, vem elucidando questões para que possamos compreender melhor as leis da vida. E também, para nos preparamos, na medida do possível, para as situações que iremos nos deparar no mundo terreno.


Emmanuel foi o nome atribuído pelo médium espírita brasileiro Chico Xavier ao espírito mentor, responsável pela autoria de boa parte de suas obras psicografadas. Esse espírito era apontado por Chico Xavier como seu orientador espiritual.

Produzindo mais de 450 obras impressas e algumas póstumas, editadas em várias línguas, obteve o volume superior a 50 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, segundo estimativas. Chico Xavier abriu mão dos direitos autorais de todas elas em favor de suas obras de caridade, embora fosse ele, legalmente proprietário dessas obras. Foram crônicas, contos, romances, monografias, reportagens, mensagens de auto-ajuda, com temas variados e de fundo moral.

Destes, mais de 115 livros surgiram da parceria literária que conhecemos, iniciada em 1931, quando o mentor Emmanuel se apresenta diretamente ao médium mineiro, foram, além de diversos textos, prefácios e vários ensinamentos altamente instrutivos. Cantores como Roberto Carlos, Gilberto Gil, Fábio Jr., Moacyr Franco, Nando Cordel e Vanusa, compuseram músicas em sua homenagem e diversos músicos criaram melodias para alguns de seus textos.

Mais que os números ou qualquer definição, o grande legado da parceria, além de toda contribuição à humanidade, ao cristianismo e ao espiritismo, é, sem dúvida, a linguagem do romance espírita empregado na evangelização. Antecessores como Kardec e Bezerra de Menezes redigiram, basicamente, livros doutrinários que mais se assemelhavam a tratados de sociologia, a um trabalho mais científico e racional.



Título: O Consolador

Autor: Francisco Cândido Xavier | Emmanuel (espírito)
Editora: FEB Editora - Federação Espírita Brasileira
ISBN: 9788573287813
Páginas: 305
Edição: 29
Tipo de capa: Brochura 
Ano: 2014
Assunto: Literatura Espírita / Doutrinação Religiosa
Idioma: Português 
Dimensões:  14 cm x 21 cm x 1 cm
Peso: 0,340 Kg




  • Recomendando, Nota:



  • Onde Comprar:
    http://www.febeditora.com.br/departamentos/consolador-o/#.WFRLblMrLiw


    Este livro constitui um luminoso roteiro para as perguntas postas pela razão e pelo coração, e é dividido em três partes correspondentes ao tríplice aspecto da Doutrina EspíritaCiência, Filosofia e Religião.

    O espírito Emmanuel lança uma nova luz sobre inúmeras questões que aqui lhe são postas e que estão baseadas no “O Livro dos Espíritos”, aborda temas como: determinismo e livre-arbítrio, ciências, fatores sociais, educação sexual, mediunidade, e reúne tópicos relevantes e atuais sobre filosofia e religião, tais como: radioatividade, gravitação, genética, entre outros. Sob a forma de perguntas e respostas este livro destina-se não somente aos estudiosos da Doutrina Espírita, mas a todos de maneira geral

    É muito confortante dispor deste material para fortalecer a fé e a busca do progresso moral. É uma obra que deve ser lida, relida e estudada profundamente, porque numa lida apenas, se apreende pouco. Há muita informação que precisa ser compreendida e assimilada.

    Pela época em que foi publicado, 1941, é um livro arrojado por trazer tantas informações, já contidas na obra Kardequiana, mas de forma simples, clara e objetiva. São perguntas que nós temos e que foram formuladas ao mentor espiritual de Chico Xavier e que trouxe primorosas respostas ao mundo sedento de conhecimento e sabedoria, enfim, o Consolador prometido que é a Doutrina Espírita.

    Aqui, não entra o quesito ser ou não ser espírita, ter ou não ter religião, mas apenas conhecer a verdade que liberta, porque como Jesus ensinava: "é preciso edificar o reino de Deus em nossos corações".

    São ensinamentos esclarecedores e propulsores para a evolução moral. Passaram-se mais de 50 anos e ainda  assim, parece que foram trazidas agora, para a nossa atual conjuntura social. Enfim, um livro de estudos, de iluminação interior e de aprendizado.

    Aqui, o Blog Canetada encerra esta resenha, agradecendo e fazendo uma pequena homenagem a Chico Xavier.

    Esperamos que aproveitem a sugestão de leitura de hoje, pois esperamos que os ensinamentos do livro tragam esperança e paz, no Natal deste ano tão atribulado, que tem sido esse 2016.

    Fiquem a vontade e comentem.

    Um abraço e muita luz a todos!

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