Livros oxigenados nos dão a sensação do frescor de ideias novas. São capazes de impressionar os
leitores mais atentos. Mas, a obra prima do jovem escritor australiano Markus Zusak pode ser avaliada como um livro novo, mas carregado de emotividade. E é por isso que o título fez enorme sucesso no Brasil; Somos emotivos e altruísta, é da nossa personalidade. Sabe aquela sensação que nos dá quando assistimos na TV o Chaves, e vemos o Seu Madruga engolindo a seco os lamentos de fome do órfão do barril?
Pois é: prepare o lenço de papel, pois, pelas próprias palavras do autor, o livro é 15% realidade e 85%
ficção. Vale lembrar que Zusak cresceu ouvindo histórias a respeito da Alemanha Nazista, sobre o
bombardeio de Munique e sobre judeus marchando pela pequena cidade alemã de sua mãe. Ele sempre soube que essa era uma história que ele queria contar.
A primeira particularidade deste romance é o seu narrador, aliás, sua narradora: A Morte. A narração expressa uma sensibilidade que não poderia ser humana. Apesar da afirmação “Eis um pequeno fato, você vai morrer”, ela (A Morte), nos conta um pouco de suas atividades, como ceifadora de almas, e já entra na divagação da trajetória da pequena ladra de livros. Tudo isso, com uma simplicidade e suavidade capaz de detalhar, de forma bem peculiar, os mais diversos sentimentos humanos, tanto os bons quanto os ruins.
Ela é a primeira "pessoa" a contar a história de Liesel Meminger, uma menina alemã que descobriu, durante a Segunda Guerra Mundial, o prazer da leitura e os horrores da guerra. Você pode estar pensando: "Ah, não! Outro romance sobre o Holocausto...". Em nível literário, pelo menos, é esta a temática. Todavia, se trata de uma perspectiva única. Como diz o próprio livro: "Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler."
Ao contrário de títulos como "O Menino do Pijama Listrado", "A Menina Que Roubava Livros (The Book Thief)" nos diz os horrores daqueles que viveram no regime Nazista como cidadãos comuns, tentando, na medida do possível, continuar suas vidas e tentando afastar alguns acontecimentos dramáticos se desenrolava. É muito parecido com o enredo que se deu no filme italiano "A Vida é Bela".
Este é o caso da família que deu acolhimento a Liesel. Isso mesmo: nossa jovem heroína foi "adotada" por uma família. Horas depois de ver seu irmão morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados do casal Hubermann: Hans e Rosa - um pintor desempregado e músico amador que atua como pai de Liesel; E a "mãe", uma anfitriã perpetuamente irritada rabugenta.
Ao entrar no novo lar, trazia escondido na mala um livro, 'O Manual do Coveiro'. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão o deixara cair o exemplar vulgar na neve. Foi o primeiro de vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes. O gosto de roubá-los deu à menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha sofria as transformações diárias impostas pela guerra, dando trabalho dobrado à Morte, que nos narra a história.
Uma série de personagens cativantes vão preenchendo as páginas deste romance: Rudy Steiner, o rapazinho que idolatra Jesse Owens, com quem Liesel inicia uma amizade (que se torna seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve); Max Vanderburg, o ex-lutador judeu que permanece escondido no porão; Ilsa, a mulher do prefeito, e assim por diante.
Nesta romance, um tanto inocente e incrivelmente sagaz, encontramos o amor da leitura (e também para a escrita) que o autor sente e transmite através da sua protagonista, a menina que recolhe todos os livros que ele encontra e se torna seus bens mais valiosos. A leitura destes livros tem um efeito positivo sobre ela e outros moradores da Rua Himmel, na pequena e pobre cidade fictícia de Molching, próxima a Munique.
Com uma narrativa simplificada, por vezes acentuado, objetivo e forte (como não poderia ser menor, no caso da morte), às vezes poético, Markus Zusak usa o recursos flash-forward, que ao contrário do flash-back (que nós factos revela decorrido no passado), mostra-nos um futuro que ainda não aconteceu, protegendo-se na vinda conhecimento que o leitor já tenha sobre o contexto do drama vivido pelos judeus na 2ª Guerra.
Este detalhe pode incomodar alguns leitores, estragando a informação como um outro recurso comum: subseções que realiza a cada momento e, em seguida, o narrador escrito em um tipo de letra diferente. Embora inicialmente se estranhe, o leitor rapidamente se habitua a estas subseções e entende que parte da forma como a história é contada. Alguns desenhos se entrelaçam a história, dando um ar lúdico e necessário a narrativa:
O ritmo da leitura transcorre lento, e refere-se a poucos anos da infância Liesel, polvilhado com anedotas, experiências e descrições da dura realidade vivida pela imposição da época. Por vezes, há uma longa descrição de certos momentos na vida de Liesel. E se você chegar no final, prepare-se, porque "a ladra" vai roubar seu coração.
O livro deu origem a um filme, lançado em 2013/2014, dirigido por Brian Percival e com o roteiro escrito por Michael Petroni. O filme, classificado do médio pela crítica, deixou um pouco a desejar em alguns detalhes do livro que davam um charme especial . Mas, por outro lado, se redimiu em questão de deixar muitos fatos super-realistas, o que o livro procura desconstruir.
Vai te presentear com muita aventura, amor, esperança e coragem, qualidades que eu gostaria de ver em um grande livro. Uma leitura fresco, excitante, necessária, e muito esclarecedora. Leitura indispensável. Tão boa que me deixou com uma sensação de impotência que se apodera de mim até eu conseguir me prender em outra saga novamente. Uma comovente história, sem dúvida, e um excelente livro da primeira à última página.
Há quem prefira a nova edição, que faz referência a capa do filme. Mas fico com a 1ª Edição, pois tem uma capa bem mais poética. #MenosPhotoshop rs...
Onde Comprar ?
http://www.travessa.com.br/A_MENINA_QUE_ROUBAVA_LIVROS/artigo/aec36e33-38ec-43c8-abb7-114871b2bc9d
Espero que tenham gostado da resenha!
E Você? Já leu “A Menina Que Roubava Livros“? Só assistiu o filme?
Ainda não teve a oportunidade de conhecera história?
Compartilha com a gente suas impressões aí embaixo.
Forte abraço e que a leitura seja edificante a você !!
Amei esse post.
ResponderExcluirChorei horrores assistindo o filme e ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas estou me programando para comprar.
Beijos.
www.meumundosecreto.com.br
Olá Vanessa!
ExcluirObrigado pelas palavras: elas são o incentivo para que continuemos aqui, esse nosso projeto!
Olha: realmente este livro é uma pérola; Uma visão humana e lúdica sobre um dos períodos de maior sofrimento da humanidade.
Vi seu site: é uma maravilha! Parabéns para você e muito mais sucesso!
Bjs! s2