domingo, 26 de junho de 2016

Nossas Autorias #009 - A Derradeira Noite na Escola Mal Assombrada

 
 
 
Por Diego Oliveira
 
 
Já passava da 9 da manhã, e Rodolfo acabava de estacionar seu sedan na vaga costumeira, no Colégio Alma Mater. Tão atrasado como ele, estava a densa neblina daquela manhã, que teimava em não se dissipar. Talvez fosse o frio, ou qualquer coisa dessas que os meteorologistas recorrem a nos explicar nos telejornais.
 
E já cansado de estar naquela estranha escola particular da periferia da cidade, Rodolfo, seu diretor, trabalhou se encaminhava para seu gabinete. Ao se aproximar do derradeiro corredor, viu Margarida, sua secretária. Ela nunca lhe dava bom dia. Sempre vinha com uma urgência qualquer, ou uma notícia requentada nos jornais da manhã:
 
— Diretor, na sala há uma senhora que deseja lhe falar — disse Margarida.
— Já está na sala? — questionou Rodolfo, inconformado. 
 
Era comum para ele receber os pais dos alunos naquela ante-sala de sua secretária. Mas quando se tratava de alguém mais destemperado, ou mais falante que Margarida, rapidamente a secretária soturna convidava a pessoa aguardar no escritório do diretor. Assim, se livrava da presença incomoda dequele pai, ou daquela mãe. Para Margarida, todos aqueles pais eram uns idiotas com honra ao mérito.
 
Rapidamente, Rodolfo abriu a porta: uma senhora de meia-idade, um tanto magra, olhos fundos nas órbitas e muito séria se levantava para o receber. Rodolfo a examinou a sala com os olhos, como se estivesse procurando alguma coisa que a jovem senhora poderia ter afanado ou tirado de seu devido lugar. Rodolfo nunca ligava para as pessoas. Na verdade, as desprezava. Estava cansado delas também.
 
— Sente-se — decretou o diretor, antes que a convidada do dia lhe desejasse um bom dia.
— O que posso ajudá-la, senhora? — Disse ele.
 
Ela hesitou, olhou em volta novamente. Ajeitou-se na ponta da cadeira. O que diria, eram um tanto desconfortável. Mas, os anos, já havia lhe dado a compreensão exata para lidar com aquele assunto.
Pouco a pouco, ela olhou em seus olhos e disparou:
 
— Então vamos sem rodeios. Sou uma mentalista. Estudo fenômenos psíquicos. Sou um especialista em ocultismo, e me dedico a casas energéticamente abertas, lugares que foram invadidos por espíritos malignos. Meu trabalho é caçá-los e lançá-los fora. Os obrigo a sair, e os incentivo a encontrar a paz.
 
Rodolfo inclinou-se contra a parte traseira de sua cadeira. Franziu o cenho, cruzou os braços, olhando para a mulher com um ar de incredulidade. Mas não a interrompeu. Apenas a observava.
 
Ela continuou:
 
— Crianças, adolescentes, irradiam uma grande quantidade de energia. Escolas, prédios antigos, salões grandes, podem reter parte dessa energia, e não é incomum que possam atrair os maus espíritos. Seres do outro mundo, que estão perturbados. E lhe digo: tenho certeza de que esta escola já está tomada. Então, tive o atrevimento de lhe procurar e advertir que essas entidades são perigosas. Outra coisa, é...
 
Abruptamente, Rodolfo irrompeu seu sarcasmo, com aquilo que julgava um total absurdo:
 
— É óbvio que está me oferecendo o seu serviço. E bem, eu vou ter que rejeitá-los. Me desculpe, mas não acredito nessas coisas. Aprecio sua preocupação, mas estamos bem.
— Doutor, seu riso de desdêm e sua incredulidade não lhe salvará desta ameaça. Vejo por seus ombros as energias que mexem com sua aura.
— Não é o caso, minha senhora. Por favor, tenha a bondade. — Levantou-se de sua cadeira, apontando a porta para a mulher.
 
Ela não mostrou nenhum sinal de ter se chateado. Olhou para ele com olhos compadecidos, não se surpreendeu sua recusa. Ela sabia bem que muitas pessoas que não acreditam.
 
— Estava certa de sua reação. Deixei com sua secretária o meu telefone. Caso venha a mudar de idéia... Eu tenho certeza que você... Enfim.
 
O diretor Rodolfo, estava impassível em seu último gesto. O braço esticado, apontando a porta.
 
— Ele vai — Pensou ela. Retirou a bolsa que estava sob a mesa, em seguida, retirou-se.
 
Depois daquele torpe espetáculo, a tarde passou lentamente. O sol se escondia pelas nuvens carregadas. Era um dia cinzento, quase sem vida. A tarde já se esvaia. O diretor já terminava a última volta e as crianças iam saindo. A escola ia se esvaziando.
 
Do barulho da algazarra juvenil, ficava apenas o tilintar do molho de chaves que acompanhava o zelador. A escola já encerrava seu expediente.
 
Ele ficou em silêncio. Apenas o som do vento pode ser ouvido, incomodando alguns pinheiros sem folhas do pequeno pátio.
 
Como todos os dias. Rodolfo estava trabalhando até tarde. Margarida já tinha despachado os últimos documentos da escola. Ao se despedir do diretor, lhe recomendou:
 
— Seu Rodolfo, hoje eu não ficarei até mais tarde. Está muito frio. O Senhor vai agora? — Questionou a secretária.
 
Sem levantar os olhos de seus papeis, o diretor respondeu:
 
— Não. Vou logo mais.
 
Margarida saiu, junto com os últimos lampejos de claridade do fim da tarde. Já ia longe, quando se lembrou de entregar o cartão da jovem senhora da visita vespertina ao diretor. Mas resolveu seguir. Aquilo não tinha importância. Na manhã seguinte, entregaria.
 
Com o adentrar da noite, o frio ficava mais, e mais intenso. Rodolfo, então, decidiu sair. Já era tarde. Ainda tinha que fazer esquentar o maldito carro, para não falhar o motor durante seu retorno.
 
Fechou seu escritório. Estava em uma extremidade do corredor superior da escola, longe da porta de saída para o estacionamento. Sentia o frio nas mãos e no rosto. Avançou um pouco mais pelo corredor, quando uma voz solitária, do interior de uma sala se fez ouvir.
 
Ele parou. O que seria aquilo? Apurou os ouvidos, virou-se. Nada. Quando já ia seguir, ele ouviu. Era quase um sussuro, um gemido:
 
— Diretor...
 
Rodolfo sentiu um frio ainda mais intenso lhe percorrer da nuca e descer a espinha. Estava com os sentidos alerta. E ouviu novamente:
 
— Diretor, aqui! — chamou. Parcecia uma voz de criança. 
 
Rodolfo se aproximou da porta. Apoiou o ouvido à madeira.
 
— Eu estou trancada aqui na sala. Me ajude, tenho medo — disse a voz da criança.
 
Mais aliviado, Rodolfo disse a si mesmo:
 
— Como poderia ser tão descuidada, estas professoras... — Ria, enquanto puxava seu chaveiro do bolso.
 
Ao entrar no limiar da sala, não conseguiu ver nada. Esta escuro demais. Não viu a criança. Não tinha nada atrás da porta. Ele olhou para o interruptor de luz. Não funcionou.
 
— Você pode sair ... Ei, menina? Onde você está? Está me vendo? — buscava o diretor.
 
O quarto estava na penumbra. A fresta de luz, da porta, avançava apenas dois passos. Suas janelas davam vista para um pátio interior mal iluminado.
 
— Estou aqui na frente — dizia, temerário.
 
Rodolfo avançada cautelosamente entre as fileiras de carteiras. Passo a passo.
 
Uma pancada. Ele escutou como se um estampido surgisse dentro de seu ouvido. A batida vinha da mesa do professor. Sua atenção o revolveu, a chamar a atenção.
 
Ao se virar, viu atrás da mesa, sentado na cadeira do professor, uma silueta. Tinha um ser de semblante horrível; Acenando um cabelo bagunçado, seu corpo flácido e excepcionalmente obeso, além uma cabeça cheia de dobras e um grande barbixa que lhe caia no peito. 
 
Aquele ser horrível, aparentemente, queria imitar uma professora, seu rosto era grotescamente anormal: barba, mistirada com maquiagem e um avental branco.
 
Um riso diabólico e aterrador ecoou no corredor. Houve um outro ser. Flutuando perto do teto e seu corpo era como o de uma criança.
 
Rodolfo sentiu-se fraco. As pernas estavam em falso. Ia desmaiar, mas se esforçou para correr.
 
Totalmente trôpego, consegui sair da sala e ganhar o corredor. Sentia o suor frio lhe escorrer pela testa. Completamente pálido, saiu da escola esqueceu de fechar a porta. Não pegou o caro. Estava realmente apavorada.
 
Atualmente, ninguém sabe o qual foi o fim de Rodolfo. São muitas versões, muitas histórias sobre o que poderia ter acontecido ao incrédulo diretor.
 
Ninguém mais se atreve a remontar passos durante a noite naquele lugar. Dizem que ronda naqueles obscuros corredores almas penada. Passos lentos, avental branco, barbas e cabelos longos. Carrega consigo uma criança chorosa. Andam sala por sala, uma por uma, todas as noites
 
A mentalista, que sabia o que se passava naquele prédio, nunca mais voltou. Porém, nada mais poderia fazer. Quem a repeliu, não podia mais tomar seus préstimos. Talvez, já não estivesse mais vivo.
 
Leia Mais ››

domingo, 19 de junho de 2016

Dicas de Leitura #009 - 3 Livros-Reportagem do C@3#*+¢ !!


Nesta semana, e especialmente neste 19 de Junho, dia do meu aniversário, não consegui segurar: vou ter de puxar a sardinha para o meu lado e dos meus amigos jornalistas e escritores. A que nunca ouviu falar de livros de reportagens, eles contam histórias reais, apuradas e escritas com rigor jornalístico, mas que flertam plenamente com literatura. O Blog Canetada traz, nestas dicas, livros-reportagem que, com muito orgulho, estão presentes nas nossas estantes!

Não se trata de manuais e afins mais técnicos nessa nossa lista, mas vale lembrar: isso é para ajudar a
inspirar, como sempre nos referimos nas nossas redes sociais. Jornalismo não se aprende só nos livros.

Buscar e contar boas histórias passa necessariamente pela vivência diária, conhecendo o ser humano, e o diferente.

É muito bacana ter bons livros conosco, mas eles não substituem vivência, o tal do "ir pra rua", buscar a notícia. Que, por mais crucial que seja para um bom jornalismo é o que mais falta na profissão. Seja por falta de oportunidade ou de vontade.

Nosso primeiro título é um clássico, que deu ao consagrado jornalista Audálio Dantas, o Prêmio Jabuti de 2013 (livro do ano de não ficção):




Título: As Duas Guerras de Vlado Herzog
 
Subtítulo: da Perseguição Nazista na Europa À Morte Sob Tortura No Brasil

Autor: Audálio Dantas
Editora: Civilização Brasileira

ISBN: 9788520011515
Ano: 2012
Edição: 1
Número de páginas: 406
Acabamento: Brochura
Dimensões: 16 cm x 23 cm x 1 cm
Formato:  Médio
Assunto: Jornalismo / Memórias & Biografias

Peso: 0,570 Kg
Idioma: Português





O subtítulo da obra, "da Perseguição Nazista na Europa À Morte Sob Tortura No Brasil", já revela as
rememorações de duas épocas tristes da história: a perseguição aos judeus na Europa durante o nazismo e a ditadura militar no Brasil.

Tudo começa pela saga da família Herzog em sua fuga desesperada da Iugoslávia, para longe do horror da guerra. O menino Vlado vivia ali, sua primeira guerra e aprendeu dolorosas lições. O livro pincela como isso influenciou sua personalidade até a vida adulta. Avança também relatando a educação do rapaz, seu interesse gradual por livros e pelo jornalismo, até o ingresso na profissão, começando pelos jornais e revistas, chegando até diretor da TV Cultura, de concessão pública.

A segunda guerra travada pelo protagonista, já no Brasil, onde se refugiar em busca de paz, foi a
derradeira. Foi aqui que sua vida lhe foi duramente tirada, na escuridão de uma sala de tortura,
episódio que marcou para sempre a história dessa família e da luta política aqui no país.

É o que se expõe no caso de Herzog: a linha-dura tentava apertar o cerco enquanto que a imprensa e o
MDB (partido de “oposição” ao ARENA, composto pelos apoiadores) buscavam avançar no processo
democrático. Por conta do mal estar com o Governo de São Paulo, o General Geisel é obrigado a apoiar os sequestros e torturas. Vlado é chamado de comunista, de agente da KGB e, sob tortura, é feito assinar uma prova de sua própria culpa: morre pelos porões e o laudo diz que se tratou de suicídio. É aí que a reação de Audálio e dos demais jornalistas se dá: um ato ecumênico que envolve 8 mil pessoas, inclusive os estudantes, notas para a imprensa e o processo da família sobre a união.



Não trata-se de uma biografia de Herzog, mas a obra traça os momentos determinantes da vida de Vlado. O próprio autor, revelou em algumas entrevistas à época do lançamento do livro, sobre a responsabilidade de contar essa parte da história de um dos mártires da eterna busca brasileira por liberdade:

“A obra me custou mais de 30 anos de trabalho e representa o cumprimento de uma promessa, a de trazer de volta um dos mais importantes episódios da história do Brasil” diz o autor. “Eu tinha consciência de que meu trabalho era importante e possuía boas condições de concorrer ao grande prêmio. E também sabia que estavam na disputa outras obras muito interessantes e de grande destaque. Mas havia um fundo de esperança e fiquei muito feliz com a conquista”, ressalta Audálio Dantas.

O jornalista Audálio Dantas em sessão de autógrafos / Divulgação: Fundação Memorial da América Latina


A narrativa, por vezes rodeada  pela seriedade e honestidade de uma testemunha ocular dos fatos, é
necessária a todos que querem entender um pouco mais aquele triste país dos anos 70. episódio que teve como uma de suas principais consequências o rompimento do silêncio da imprensa, narrando todas suas angústias e incertezas pessoais, tentando encontrar o difícil equilíbrio entre a firmeza que o momento exigia e a prudência para evitar que a mão forte do regime viesse a soterrar a trincheira que se tornou o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, do qual Dantas era presidente naqueles dias tenebrosos.

É um livro espetacular, apesar de retratar um tema extremamente triste. Só que mais que uma mera biografia, trata-se de um título de memória e de formação histórica. Pois como diz Juca Kfouri, na contracapa do livro: "ele escreve e é inscrito pela história daquele passado". E como cidadãos, é essencial rever o passado, para impedir que ela se repita.



  • Recomendando, Nota:


  • Onde Comprar?


    http://livraria.folha.com.br/livros/biografias-e-memorias/duas-guerras-vlado-herzog-audalio-dantas-1187338.html

    ***

    Para quem ainda não leu a obra mais famosa de Caco Barcellos, vai a minha recomendação. Vale muito a pena ler, pois nos é apresentada uma realidade que muitos de nós não conhecemos, ou até a conhecemos, mas de forma velada.



    Título: Rota 66
     
    Subtítulo: A História da Polícia que Mata

    Autor: Caco Barcellos
    Editora: Record
    ISBN: 9788501065261
    Ano: 2003
    Edição: 34
    Número de páginas: 352
    Acabamento: Brochura
    Dimensões: 16 cm x 23 cm x 1 cm
    Formato:  Médio
    Assunto: Jornalismo / Sociologia

    Peso: 0,540 Kg
    Idioma: Português





    Lançado originalmente em 1992, o título ganhou o Prêmio Jabuti (Livro Reportagem de 1993). Com uma narrativa contagiante, o livro aborda a atuação da polícia militar paulista, sendo mais específico no retrato ao esquadrão de elite dessa força militar: a Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar, mais conhecida como ROTA, e o seu envolvimento com o assassinato de 4.200 pessoas ocorridos entre as décadas de 1970 e 1980.

    A história da unidade policial retrata as ações de um “esquadrão da morte oficial”, onde as vítimas eram quase sempre jovens pobres, pardos e negros e, em muitos casos, sem antecedentes criminais. Foi o resultado de uma investigação de quase uma década, para identificar todas as pessoas mortas durante o patrulhamento urbano, a partir de 1970.

    Como acontece em todos os casos relatados por Barcellos, nenhum tipo de punição é dada aos policiais, já que esses relatam os fatos como resistência à prisão e tiroteio entre “bandidos”. Em suma, o autor retrata cada caso com plena riqueza de detalhes e de movimentos, que é possível fazer o leitor sentir e até ver a cena, como se estivesse presenciando tudo.

    A obra de Caco Barcellos foi de grande importância, pois esclarece às pessoas o que realmente aconteceu com o povo brasileiro diante da ditadura pra traçar um paralelo da realidade da condição atual de segurança pública e a falta de respeito aos direitos humanos. Muitos de nós não conhecemos a realidade desses casos, mas o que tem realmente por debaixo dos panos de cada história? Por que acreditamos sempre na versão da Polícia? O que mostra o autor é que a verdade, por vezes, é omitida da sociedade brasileira pela própria autoridade pública.

    O repórter Caco Barcellos começou a sua carreira no jornal Folha da Manhã (Porto Alegre), no fim de 1973, em Porto Alegre, onde nasceu. Em sua longa carreira, jamais abandonou a trincheira da reportagem para exercer qualquer outra função que não fosse a de repórter, centrando suas matérias em dois focos: injustiça social e violência. Projetado para o grande público por seu trabalho na televisão, onde começou no programa São Paulo na TV, da Editora Abril, Caco Barcellos é hoje um dos mais conhecidos repórteres da Rede Globo, onde trabalha desde 1985.

    Caco Barcellos, com a equipe do programa Profissão Repórter, da Rede Globo / Divulgação: TV Globo


    De todo, não é difícil imaginar o porquê de Rota 66 ser considerado ainda hoje, um dos melhores livros de jornalismo investigativo do país.



  • Recomendando, Nota:


  • Onde Comprar?

     https://www.amazon.com.br/Rota-66-Barcellos-Caco/dp/8501065269/ref=sr_1_2?s=books&ie=UTF8&qid=1466384315&sr=1-2

     https://www.amazon.com.br/Rota-66-Barcellos-Caco/dp/8501065269/ref=sr_1_2?s=books&ie=UTF8&qid=1466384315&sr=1-2

    ***
    Quem conhece Marcelo Rezende apenas das telas dos programas policiais vespertinos, desconhece os bastidores de uma lenda viva do jornalismo investigativo. Ao longo de mais de 40 anos de carreira, deu ao jornalista muita história para contar. E, generosamente, ele decidiu que estava mais do que na hora de contar ao público sua trajetória.



    Título: Corta Pra Mim
     
    Subtítulo: Os Bastidores das Grandes Investigações

    Autor: Marcelo Rezende
    Editora: Planeta do Brasil
    ISBN: 9788542202274
    Ano: 2013
    Edição: 1
    Número de páginas: 240

    Acabamento: Brochura
    Dimensões: 16 cm x 23 cm x 1 cm
    Formato:  Médio
    Assunto: Jornalismo / Memórias & Biografias

    Peso: 0,420 Kg
    Idioma: Português





    O livro trata de histórias narradas com o bom humor, polêmica e a simplicidade características do jornalista, que tem hoje fãs de todas as idades e em todos os cantos do país, aproveitando como título, o seu bordão mais emblemático, entoado durante seu Hard News diário.

    Ao longo das 14 histórias que Rezende tece no livro, vamos conhecendo um pouco de sua história: do cabeludo Hippie que tinha resolvido abandonar o curso de mecânica, para estagiar no Jornal dos Sports, convidado por seu primo Merival Júlio Lopes. Passou pela Rádio Globo e pelo jornal O Globo. Em 1978 foi convidado para integrar a equipe da Revista Placar, por onde ficou por uma década. Em 1988 se tornou editor do Globo Esporte. Durante a narrativa, é notório o olhar do profissional entre a diferença do trabalho na mídia impressa e a televisiva.

    Devido ao excelente nível de seu trabalho, foi transferido para o Núcleo de Reportagens Especiais da TV Globo, onde começou a se “dedicar de verdade ao jornalismo investigativo”, fazendo matérias para o Fantástico, Jornal Nacional para o Globo Repórter. Marcelo Rezende ainda conta um pouco do desafio em implementar o projeto do programa Linha Direta, para fazer frente à crescente concorrência que a TV Globo enfrentava com o SBT e o popularesco Programa do Ratinho, nos idos de 2000.

    Marcelo Rezende assina livro para o colega Marcio Canuto - Danilo Carvalho / Divulgação

    Como curiosidades, o autor fala sobre sua condenação à prisão perpétua no Paraguai e como conseguiu escapar da pena. Marcelo conta também a entrevista que fez com José Rainha, líder do ainda pouco conhecido Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Outra história narrada pelo jornalista é a da Favela Naval de Diadema, na qual policiais extorquiam dinheiro das pessoas, em um tempo em que não se falava do que chamamos hoje de milícias. Há também um excelente relato sobre as investigações sobre o desvio de dinheiro na CBF, feito por Ricardo Teixeira, presidente da entidade à época, além das entrevistas com dois dos mais conhecidos serial killers brasileiros: Pedrinho Matador e o Maníaco do Parque.

    Uma pérola, que pode passar desapercebido ao olhar desatento durante a leitura, são os conselhos para jornalistas novatos: como propor pautas, empreender na carreira, como lidar com fontes e entrevistados, dentre outras.

    O livro deixa um bom gostinho de quero mais. Gostem ou não, o livro ajuda quebrar um pouco da imagem sensacionalista e, por vezes, chata que Marcelo Rezende explora na TV. Por traz do showman improvisado, há um excelente, corajoso e honesto repórter. Rezende ainda deixa no ar, em diversos momentos do livro, dando a certeza de que virão mais livros por aí!



  • Recomendando, Nota:


  • Onde Comprar?

     http://www.saraiva.com.br/corta-pra-mim-5711130.html

    http://www.saraiva.com.br/corta-pra-mim-5711130.html

    Espero que vocês aproveitem as dicas!
    Pessoalmente, quero agradecer sempre a vocês que acompanham este trabalho.
    Obrigado pelo carinho.
    Uma ótima semana a todos!

    Leia Mais ››